sábado, 11 de junho de 2011

EXTRA- Melissa, a faca e o vô Bernardo

Em uma das tentativas de se matar Melissa escolheu o clássico de uma garota depressiva: pegar a faca e cortar os pulsos. Pode dizer caro leitor: ela adora clichê. Pensou algumas vezes em estourar seus próprios miolos com uma das armas de seus pais, mas se ela não conseguisse se matar ela ia pegar um castigo dos bravos.
Numa noite quando todos já estavam dormindo, e cansados de mais um dia. Ela saiu do quarto silenciosamente com as pontas dos pés para não acordar ninguém. Fazendo o mínimo de barulho possível, ela foi à cozinha. Desceu as escadas levemente e avistou a luz da cozinha acessa. Pena. Ela ficou extremamente carrancuda e continuou indo para a cozinha. Como era muito tarde ela pensou que qualquer pessoa que estivesse ali iria embora depois de alguns minutos.
Na cozinha estava o velho avô barbudo dos cabelos brancos, Bernardo. Usava aquele belo pijama azul com listas que a neta tinha dado no dia dos pais. A aparência dele estava feia, aqueles olhos castanhos estavam inchados e com olheiras. Vendo isso Melissa ficou muito preocupada o que acontecera ao avô?
  –Vovozinho, o que foi? – Ela ia em direção ao armário pegar um chá de camomila para disfarçar – Você está bem?
O avô estava sentado comendo uma bolacha e tomando leite, respondeu com a boca cheia e depois dando mais um gole no leite.
– Acordei com fome e resolvi levantar para comer e você?
– Eu também – ela não sabia mentir – e... Já vou dormir.
Ele sentiu as palavras receosas que ela dizia se preocupando. O amor que ele sentia pela neta era incrível.
– Ontem a gente fez uma disputa para: ver quem mata mais zumbis em 5 minutos aqui na resistência. Porque não participa da próxima?
– Do que iria adiantar atirar neles? Só iremos gastar balas atoa.
– Nós sempre recebemos munição, relaxa, temos de sobra.
Ela ficou em silêncio estava zangada. Não queria saber daqueles seres nojentos.
– Querida, não fica assim. Nós nascemos na época em que temos de nascer. Eu nasci para ser morto por um zumbi, e você para salvar as próximas gerações!
A menina estava explodindo por dentro. Perguntava-se como iria salvar as próximas gerações, não adiantava fazer nada. A cura não existe morrer é a única opção. Como quase todo o mundo estava infectado não existia OPÇÃO.
– Você sabia que o vovô além de ser avô estudou, com a tecnologia do seu tempo, os planetas e descobri que existe um planeta igual a Terra há alguns anos/luz daqui? Podemos construir grandes naves e ir para lá.
Mesmo que tais naves sejam feitas não levariam todos, ela pensou, seriam como resistências: só os mais DOTADOS poderiam entrar.
– Nada disso vai dar certo, Vô.
Grandes lágrimas saiam de seus olhos que já estavam feios desde quando perdeu seu melhor amigo. Ela ficara revoltada por toda essa esperança. Essa esperança não levava a nada. Não importa o que fizessem tudo daria errado.
– Eu estou cansada de viver assim.
Desanimado com as reações da neta o velho resolve ir dormir. Algum tempo passa e ela decide pegar a faca para se matar. O faqueiro era novinho, todas as facas estavam extremamente afiadas. O pai da Melissa adorava fazer churrasco por isso tinham aquele belo faqueiro.
Melissa ficava mais receosa ao passar do tempo. Ela estava ensaiando como iria se matar. Ficava olhando a faca grande, prateada e atrativa. Dava para cortar a cabeça de alguns zumbis, pensou.
Estava chorando, as lagrimas desciam pela sua face. Ela coloca a faca no pulso a pressionando e empurrando para o lado. Sentiu uma pequena dor no início mesmo assim começou a apertar mais. Assim começou a escorrem pequenas gotas de sangue pelo pulso.
  O avô que ainda não tinha conseguido dormir volta à cozinha e olha a neta com a faca na mão. Ele corre para pará-la
– O que você está fazendo sua louca?! – Ele não estava bravo, mas sim preocupado – Você ainda tem uma missão. Você não quer viver sem zumbis? Uma vida normal? Então viva e agarre essa vida.
Ela ignora.
– Eu tenho tudo o que você precisa para salvar seu mundo. Por isso não se mate.
Ela o abraça, e não para de chorar.  
– Porque tinha que ser assim, Vô?

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